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18 de fevereiro de 2011

Tradição de vó

 Escrito por Cleison Brugger

A casa não era tão grande; aliás, aquilo era um cubículo que mal cabiam quatro pessoas. Contudo, isto era o que menos importava, pois aquele era o lugar mais aconchegante do mundo. Tapete vermelho com letras brancas escrito "sejam bem-vindos" na entrada da casa, margaridas espalhadas pelo jardim e a plaquinha - tradicional plaquinha - que enterrada num vaso de plantas cheio de adubo, afirmava: "nesta casa mora a felicidade", e realmente morava.

Tudo o que eu mais queria no fim de semana, depois de todos os trabalhos e afazeres, era ir para a casa da vovó, situada à Travessa 23 de Março, 63. Ali era o recanto, o país das maravilhas, um tipo de Éden minimizado. Logo na entrada, ao tocar a campainha 'dim-dlom', já se escutava o barulho dos seus tamancos de madeira, batendo lenta e alternadamente no chão invernizado. Ao chegar na sala (os retratos de toda a família estavam espalhados por lá, inclusive do vovô, que morreu há alguns anos), o cheiro de bolo assando no forno extasiava a qualquer um, e era algo completamente inadmissível sair da casa da vovó, sem experimentar 'dum bucadim' de sua broa de milho, bolo de fubá ou o tradicional pão de queijo.

Mas o que realmente me encantava, não eram os quitutes da vovó ou a aparência bucólica de sua casa, mas sim, sua cadeira de balanço, pois foi dali que por toda a minha infância, ouvi os mais sábios e coerentes argumentos e conselhos. Qualquer um, em plena saúde mental, pararia algumas horas para ouvir vovó expor seus conhecimentos, adquiridos ao longo dos anos na difícil escola da vida. Foi ali, aos pés da cadeira de balanço, que meu tipo humano dionisíaco foi formado. 

Hoje, não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. Mas à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo, e isto, aprendi na casa da vovó, aquela distinta senhora que mais parecia um ser divino, e que não apenas criava netos nos fins de semana, mas formava seres humanos, ensinando-os a serem autênticos e leais à sua existência.
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Uma redação narrativa de apenas 30 linhas, escrita na aula de redação do dia 17/02/11


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9 de fevereiro de 2011

Negociando o inegociável

Faculdade, vestibular, cursos, carreira profissional, universidade, horas de estudo e concentração, poucas horas de sono, correria... Quem não vive se preocupando com algumas destas coisas (senão todas), levante a mão.

...

Vivemos numa época ditada pela pós-modernidade, onde homens e mulheres estão afoitos, na busca da satisfação pessoal e profissional. Alguns ainda, estão preocupados com o casamento que está por vir ou os filhos que brevemente chegarão. Certa vez, ouvi um grande homem dizer: "As coisas mais importantes para nós, são aquelas que recebem a devida atenção, durante o dia". É certo que todas estas coisas merecem uma devida atenção, mas a verdade é que, quando as preocupações com estas coisas chegaram, preocupações com outras coisas se foram, como: ter uma boa alimentação, as reverentes horas de sono, a socialidade (sua vida social não pode ser jogada no lixo), a percepção das coisas mínimas (como o pôr do Sol ou um céu estrelado)...

DEUS.
Não raras vezes, acabamos perdendo Deus de vista. Quando as preocupações com as coisas chegam, acabamos deixando de lado aquilo que deveria ser nossa prioridade (Mt. 6.33). Chegamos e reduzir Deus àquele que preenche a área espiritual e religiosa de nossa vida e nada mais do que isso. Por fim,  roubamos o senhorio Dele sobre nós, quando achamos que agindo sozinhos, sem ajuda ou imposição externa, caminharemos melhor, aliás, "eu sei o que é melhor para mim", afirma o nosso enganoso coração. Acabamos "negociando o inegociável", trocando Deus por coisas supérfluas ou menos importantes do que Ele.
O mestre Salomão nos orienta: "Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho neles satisfação" (Ec. 12.1).
Salomão disse estas coisas, na posição de rei em Israel, aliás, um dos melhores reis que já governaram aquela nação, depois de Davi, seu pai. Salomão tinha tudo o que queria: "Comprei escravos e escravas e tive escravos que nasceram em minha casa. Além disso tive também mais bois e ovelhas do que todos os que viveram antes de mim em Jerusalém. Ajuntei para mim prata e ouro, tesouros de reis e de províncias. Servi-me de cantores e cantoras, e também de um harém, as delícias do homem. Tornei-me mais famoso e poderoso do que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, conservando comigo a minha sabedoria. Não me neguei nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar prazer algum ao meu coração. Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho; essa foi a recompensa de todo o meu esforço" (Ec. 2. 7-10 - NVI). Como um bom homem, apreciava o sexo oposto e poderia ter qualquer mulher que quisesse em suas mãos: "Sessenta (60) são as rainhas, e oitenta (80) as concubinas, e as virgens sem número" (Ct. 6.8 - ACF).

Contudo, este mesmo homem declara que, ainda que tivesse tudo, não estava plenamente satisfeito: "Quando pensei em todas as coisas que havia feito e no trabalho que tinha tido para conseguir fazê-las, compreendi que tudo aquilo era ilusão, não tinha nenhum proveito. Era como se eu estivesse correndo atrás do vento" (Ec. 2.11 - NTLH). Ora, como um homem que possuia tudo o que queria, a hora que queria e como desejava, pode reclamar no final, dizendo que não estava satisfeito? Eu lhe respondo: Deus foi posto de lado.
Salomão possuiu tudo o que quis, certamente lutando para conquistar, contudo, quando conquistou, simplesmente tomou para si todos os méritos e despediu a Deus, agradecendo-lhe pelo trabalho prestado mas, agora, não mais necessários. Infelizmente, Salomão preferiu se inflamar nos seus pecados e, ao contrário do filho pródigo que, arrependido, voltou para seu pai, afirmando não ser digno de ser chamado mais de filho, Salomão não se voltou para Deus.

Todavia, Salomão, como o homem sábio que era, nos adverte a não cair no mesmo erro que ele: "Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho neles satisfação" (Ec. 12.1). Salomão, enquanto jovem, desprezou e odiou a Deus, amando aquilo que havia conquistado, mas agora, já velho, não tinha satisfação em sua vida e uma alegria duradoura. Priorize Deus, ame a Deus, ore a Deus e antes de fazer qualquer coisa, ponha um "Se Deus quiser" na frente de seus passos. Nunca o negligencie mas, ao contrário, seja dependente Dele até o final, pois a maior alegria não está naquilo que conquistamos, mas na pessoa bendita de Cristo Jesus. Infelizmente, muitos "buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo" (Fp. 2.21), mas Paulo, sabendo que Cristo é o tesouro maior, externou: "Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé" (Fp. 3. 7-9).

Confiando nAquele que jamais nos frustrará,
Cleison Brugger.
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1 de fevereiro de 2011

GENTE

Uma rápida passada numa rodoviária, feira, shopping, rua, e você encontrará uma miscelânea, uma diversidade, uma mistura difícil de se explicar. A nível de Brasil, isto se intensifica muito mais. Gente das mais variadas cores, das mais diversas raças, dos mais diversos credos, das mais diversas classes, dos mais variados nomes, das mais longuínquas origens e das mais diferentes histórias; gente normal, humilde, extravagante, modernizados, conservadores... sanguíneos, coléricos, melancólicos, fleumáticos... brancos, negros, pardos, caboclos, mestiços, mulatos... cabelo crespo, enrolado, liso, cacheado, curtos, médios, fios longos, embaraçados... nordestinos, nortistas, sulistas, capixabas, cariocas, paulistas, mineiros, etc. Porém, embora sendo tão diferentes, todos eles são, na verdade, semelhantes.

Semelhantes? em quê?
Semelhantes na vida, no sentir, no agir, no reagir, no nascer, no morrer;
No sorriso, na fome, nas lágrimas, no protesto, na solidão, na alegria;
na aflição, na intolerância, no recomeço, no afeto, na caridade, no impacto, no reflexo.

Embora sejamos muitos e pareçamos tão distintos, todos nós, sem distinção, sentimos falta de abraço, sentimos saudade de quem está longe, queremos rir de coisas engraçadas, choramos escondido, queremos amar alguém, queremos ser respeitados, queremos atenção (nem que seja por um momento), queremos ser notados e queremos ser felizes. Queremos ser, na verdade, pessoas normais, levando suas vidas normais e alcançando os propósitos de uma existência normal.

Na busca de Deus, isto também se repete. Variadas gentes, em suas mais complexas religiões, estão afoitos em busca de Deus. Todos, de alguma forma, O desejam. Todos, de certa forma, O buscam. Todos, sem distinção, sentem falta do Ser divinamente existente em Si mesmo. Sabe o porquê? porque viemos dEle, porque fomos feitos à Sua imagem e semelhança (Gên. 1.26) e por esta razão, desejamos conhecer a nossa origem e Aquele que nos originou. Sentimos falta dAquele a quem não conhecemos, queremos afeto dAquele a quem nós sequer vimos, queremos o amor prometido dAquele que, embora tão longe, sentimo-lo tão perto... tal como filhos em busca do pai verdadeiro, queremos, criaturas que somos, ter contacto com o Criador nosso, mesmo que pareça sem razão um Ser divino ter contacto com os seus inferiores.

GENTE! todos existindo com um só propósito: viver e não ter a vergonha de ser feliz, como diz a canção, e ainda, todos subsistindo por uma só razão: glorificar, através da existência, Aquele quem um dia criou o mundo, para o meu desfrute e para o Seu prazer.
Paz à você, gente como eu, 

Cleison Brugger.

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