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31 de maio de 2012

Percorrendo Cantares de Salomão - Parte II

 2ª Parte do estudo de Cantares de Salomão. Você pode ler a 1ª parte aqui.

Ainda passando pelo capítulo 1, percebemos, dos versos 12 ao 16, a agradabilidade mútua existente entre Salomão e Sulamita. No verso 12, a imagem que vem é da importância do assentar-se à mesa. Sulamita diz que "enquanto o rei está assentado à sua mesa", uma alusão ao antigo costume de comer recostado sobre tapeçarias, ao redor de uma mesa baixa, "o meu nardo [de Sulamita] exala o seu perfume". Havia amor sendo expressado até nos momentos da refeição. Ambos estão à mesa. A mesa é importante! Um lugar de comunhão, diálogos, trocas. Nossa época perdeu a noção da importância de assentar-se à mesa com a família. O sofá (junto a TV) ou a cadeira (junto ao PC) tomaram o sagrado lugar da mesa e, assim, não dá para sentir nenhum "nardo exalando". Não há proximidade, e sem proximidade, conhecer alguém é impossivel. Só sentiremos o nardo de nossos pais e filhos (suas qualidades e pontos fortes), se houver proximidade, e a mesa é um bom lugar para isso.

No capítulo 2, a esposa continua falando: "Eu sou a Rosa de Saron" (vv.1). As rosas que ficavam na planície de Saron (chamadas de "Havatselet há Sharon") eram perfumadas de tal modo, que o viajante podia sentir sua fragrância de muito longe. Isso fala de um comportamento ilibado, irrepreensível, que faz com que, de longe, seja apreciado e notado. No cap. 1, Sulamita diz que o nome de seu esposo era como unguento derramado (Ct 1.3), querendo dizer que seu nome tinha um caráter admirável e irrepreensível. Agora, ela se compara as "rosas de Sharon", que exalavam um bom perfume a longa distância. Um casal cujo caráter são ilibados, formará uma família exemplar e que exalará o "bom perfume de Cristo" (2 Co 2.15).

 O esposo responde que "qual o lírio entre os espinhos, tal é meu amor entre as filhas" (vv.2) e a esposa, de igual modo, continua dizendo que "qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento; e o seu fruto é doce ao meu paladar" (vv.3). Perceba que um é agradável ao outro. O texto não mostra uma pessoa cheia de sentimentos e valores tentando encher outra. Pelo contrário, ambos têm atrativos e coisas a elogiarem e dizer: você me fascina por esta razão. Num relacionamento, deve haver uma complementaridade, onde um tem algo a acrescentar ao outro.

Nos vvs. 4-6, vemos o papel de liderança dado ao homem: "levou-me [a esposa] à casa do banquete" (vv.4). "Sustentai-me [a esposa]" (vv.5) e, no vv.6, Sulamita diz: "A Sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a Sua mão direita me abrace". O papel de "levar", "sustentar", exercer autoridade ("mão esquerda debaixo da cabeça") e de cuidar ("mão direita me abrace") é inteiramente do homem. A mulher sempre será alvo disso, e nunca que se trocará os papéis. O apóstolo Pedro, em sua epístola, diz as esposas: "Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher" ( I Pe 3.1). A aos maridos: "Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações" (I Pe 3.7).

No vv.7, Sulamita diz: "Mulheres de Jerusalém, eu as faço jurar pelas gazelas e pelas corças do campo: não despertem nem provoquem o amor enquanto ele não o quiser (NVI)". Infelizmente, muitos têm sido guiados por um "amor de momento", que começa aqui e acaba ali. Tem pressa para desenvolver uma relação íntima apoiada em seus fortes sentimentos. Os frutos disso são diversos, como desilusão amorosa, depressão, descontentamento etc. A falsa-verdade (mentira!) de sair procurando o amor de sua vida, até achar sua cara metade só trará tristeza e desilusão. Os sentimentos não são suficientes para sustentar uma relação duradoura. O verso nos ensina a que deixemos despertar o amor naturalmente. Nada de forçar a barra! Esperar com paciência para que os sentimentos de amor e compromisso se desenvolvam juntos. é o melhor. O tempo certo virá, como vemos alguns versos abaixo:

"O meu amado falou e me disse: Levante-se, minha querida, minha bela, e venha comigo. Veja! O inverno passou; as chuvas acabaram e já se foram" (vvs. 10, 11). Aqui, Salomão chama a esposa para acompanhá-lo. O tempo certo havia chegado, pois "o inverno passou e as chuvas cessaram", por isso ele diz: "Levanta-te [...], venha comigo!". Estas palavras dão a entender que ambos tinham esperado o tempo certo até que chegassem a um estado de maturidade para desfrutarem do compromisso e do amor. Esperar com paciência até que o tempo chegue é o melhor a ser feito! Nada da carroça à frente dos burros! Tudo a seu tempo!

O vv. 15 tem uma lição importante: "Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor". As raposas, no meio da vinha, são identificáveis, mas as raposinhas nem sempre. E são estas que causam maior estrago! Elas arrasam com a plantação! por isso o alerta: "apanhem-nas!". Existem problemas pequenos (as pequenas "raposinhas") que se não forem identificados agora e devidamente corrigidos, mas à frente, trarão problemas e granes devastações. Não deixe para corrigir problemas quando for se casar! corrija-os agora! Seja uma bênção para seu parceiro(a). Não deixe que problemas pequenos  sejam a causa de grandes devastações.

Por fim, Sulamita diz: "O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios" (vv.16). O relacionamento que nos é apresentado na Bíblia é o relacionamento monogâmico, que é o relacionamento matrimonial com apenas um conjuge. O homem não tem uma mulher para satisfazer-se sexualmente, e vice-versa. Deus, logo no início, disse que não é bom que o homem esteja só (Gn 2.18a) e, por esta razão, deu a Adão uma "ajudadora idônea" (Gn 2.18b), "literalmente, uma auxiliadora que o atenda. Ela teria de partilhar das responsabilidades do homem, corresponder à natureza dele com amor e compreensão, e cooperar de todo o coração com ele na execução do plano de Deus" (Comentário Bíblico Moody). Podemos ver o problemão que Léia enfrentou ao casar com Jacó, pois ela sabia que o amor de Jacó pertencia a Raquel, sua irmã. Léia frequentemente reclamava que não era amada por seu marido (Gn 29.32, 34; 30.20). Assim, é bom ter alguém no nosso lado para chamar de nosso. Nosso, e de mais ninguém! É maravilhoso poder dizer como Sulamita: "O meu amado é meu, e eu sou dele" ou, no caso dos homens, "A minha amada é minha, e eu sou dela". Se você for guiado por Deus a um relacionamento sério, verá o porquê que o adultério, o divórcio, ciúmes e desconfianças são coisas detestáveis para Deus: porque o que Deus uniu, não separe o homem. 

Até mais!

Cleison Brügger
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23 de maio de 2012

Percorrendo Cantares de Salomão - Parte I

Depois de preparar um estudo do capítulo 2 do livro de Cantares, algo me disse que eu deveria percorrer por todo o livro e estudá-lo. Aceitei o desafio. Na verdade, sempre achei Cantares de Salomão um livro meio que "à parte": sua linguagem é diferente da linguagem do resto da Bíblia, assim como sua literatura e sua forma. Mas agora, tomo Cantares como qualquer outro livro da Biblia: é a Palavra de Deus. Se está ali, é porque foram palavras bafejadas pela boca de Deus! e se são palavras do Senhor, convém parar e ouvir.

Estou ciente de que, como todo livro da Bíblia, Cantares revela Cristo, de alguma forma. Decerto, essa revelação se dá na demonstração do relacionamento íntegro e imaculado de Salomão e Sulamita, que representa o amor sacrificial, ativo, volitivo e incondicional de Cristo por sua noiva, a igreja. Na verdade, o caminho que se acha para Cristo no livro de Cantares se dá por uma interpretação alegórica, contudo, sabemos que se tomarmos o livro na sua literalidade, veremos que a poesia de Salomão é pura e detidamente sobre seu enlace. Assim, tentarei tirar lições para a nossa vida, tendo Cristo como o alvo de nosso estudo.

A história que se conta a respeito do encontro de Salomão e Sulamita é a seguinte: Salomão, certo dia, foi visitar as vinhas que possuia no norte. Lá chegando com sua comitiva, encontrou-se com uma jovem camponesa, de pele morena e de semblante humilde. Ali, apaixonou-se. A jovem, tímida, fugiu de Salomão, mas Salomão não a pôde esquecer. Mais tarde, disfarçado de pastor, retornou aos vinhedos e conquistou seu amor. Então, revelou sua verdadeira identidade e lhe pediu que voltasse para Jerusalém com ele. Então vemos logo no início do livro Salomão e sua amada celebrando suas bodas no palácio.

Já no capítulo primeiro, encontramos um clima de romantismo, amor e respeito mútuo. Embora muitos achem que o livro de Cantares possui uma linguagem sensual e, quando não, obcena, veremos que o que marca o livro é o respeito entre o casal, mesmo nas cenas de amor explícito.

Logo no vv.2, encontramos Sulamita, chamada de "amada", dizendo o seguinte: "Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho". O vinho naqueles tempos era símbolo de alegria e festividade. Uma festa deveria ter vinho! Mas todos nós sabemos o que o excesso de vinho (ou de qualquer bebida alcoólica) traz: briga, conteda. Aliás, tem sido este o motivo pelo qual muitos lares têm sido desfeitos: a falta de alegria tem produzido o excesso de bebidas e vícios. Contudo, Sulamita está dizendo que o amor de Salomão era melhor que o vinho. Salomão trazia uma felicidade tal, que o vinho era dispensável. Salomão fazia sua esposa rir. Ele era a alegria dela, e a alegria era tal, que Sulamita diz que era "melhor que o vinho". A alegria que o vinho traz é passageira, mas a alegria que um amor real pode trazer é permamente. Essa mesma imagem será passada no vv.4: "[...] em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; os retos te amam."

Sulamita continua dizendo: "Suave é o aroma dos teus unguentos; como o unguento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam" (vv.3). Enquanto os relacionamentos de nosso tempo têm sido marcados pelos insultos, moléstias e depreciações, vemos aqui respeito e elogios. Sulamita elogia seu esposo pelo seu exterior, dizendo como ele se produzia bem e era um homem perfumado, mas também elogia o caráter: "como unguento derramado é o teu nome". Você já derramou um frasco de perfume no chão? o cheiro exala pelo ambiente. Sulamita está dizendo que o nome de seu esposo era de boa fama. Seu marido não era um mau-caráter, pelo contrário, era de boa índole, de palavra e honesto, por isso, "as virgens o amavam". Com isso, Sulamita estava querendo dizer que Salomão era um tão bom exemplo de homem, que as jovens que estavam na idade de se casar, queriam ter um esposo como Salomão. Mulheres, antes de namorar, noivar ou se casar, certifique-se do caráter de seu companheiro. Antes da beleza, procure um homem que tenha um bom nome! o final do verso 4 diz: "os retos te amam". Você já viu um homem que sabe trapacear no jogo? ele é amado pelos outros trapaceiros, pois ele é sinal de vantagem. Mas Salomão era amado pelos retos. A retidão de Salomão era conhecida, não sua dissimulação. Lembre-se: Salomão é um tipo de Cristo no livro de Cantares. O nosso Cristo é o cúmulo da retidão!

No vv. 5, Sulamita faz uma queixa: "Eu sou morena, porém formosa, ó filhas de Jerusalém [...]" e no vv.6, continua dizendo: "Não olheis para o eu ser morena; porque o sol resplandeceu sobre mim [...]". Sulamita era moça do campo, e foi justamente lá que Salomão a encontrou. Quando, então, Salomão a trouxe para Jerusalém, ela viu as belas moças de pele bonita, enquanto a dela era rústica e queimada pelo Sol. Por algum motivo, ela se sentia inferior, menos bela. Muitas meninas se sentem assim: desfavorecidas. A vocês, lhes digo: Sulamita casou com o homem mais sábio de seu tempo e um dos mais famosos reis de Israel! ;)

Nos vvs. 7, 8, veremos Sulamita perguntando a Salomão onde é que ele apascentava o seu rebanho, pois ela diz que não queria se assemelhar as prostitutas, que "andam errante junto aos rebanhos dos outros" (vv.7c). Sabe o que vejo nisso? uma modéstia sem igual! Sulamita queria um homem certo para ela. Ela não queria andar de "galho em galho" até achar o cara legal. Ela queria saber onde, de fato, seu esposo apascentava. Salomão dá a resposta, para que ela se encontrasse com ele (vv.8). Temos visto muitas decepções amorosas (o facebook que o diga!). Isso prova que "enganoso é o coração do homem" (Jr. 17.9). Não podemos ser guiados por ele, mas sim, pelo nosso Bom Pastor (Sl. 23.1). Que o Senhor nos guie à pessoa certa!

Salomão enchia sua esposa de elogios, comparando as belas "éguas dos carros de Faraó" (vv.9), conhecidas por sua agilidade e beleza, diz que o rosto e o pescoço de sua amada se destacavam por entre suas jóias (vv.10) e ele mesmo promete dar jóias para sua esposa, só para vê-la ainda mais bela (vv.11). Romantismo a gente vê por aqui! Existe um tipo de elogio que é cínico e/ou lisonjeiro. Não é o que temos aqui. As palavras de Salomão para sua amada são marcadas pela sinceridade e pela grande estima que Salomão tinha por sua esposa.

Num próximo texto, onde falarei sobre o capítulo 2, termino os versos do capítulo 1 e entramos no próximo. Que Deus nos guie a relacionamentos como o de Salomão e Sulamita! Acompanhe esta série de postagens. Oro para que Deus acrescente à sua vida!

Até mais,
Cleison Brügger.
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