por Cleison Brugger
Baseado em Mateus 11:2-10João Batista estava na prisão quando mandou dois de seus discípulos irem até Cristo fazer uma pergunta um tanto quanto intrigante: "És tu Aquele que havia de vir, ou devemos esperar outro?" (Mt. 11:3). Ele está perguntando: você é mesmo o Messias ou devemos esperar que outro venha? bem, esse não é o tipo de pergunta que deveria ser feito a Jesus, e em se tratando de João Batista, essa pergunta é um tanto estranha. Eu certamente diria: que pergunta é essa, João? você batizou o Cristo, reconheceu sua messianidade, você sabia piamente que seu prórpio ministério era o de "preparar o caminho do Senhor", em suma, você mesmo confessou que Jesus era o cordeiro de Deus! parece que a prisão minou a fé de João Batista. Mas não conclua isso tão depressa.
Quando os discípulos saem para contar o que Jesus havia dito, Jesus sai em defesa de João Batista, dizendo: "que saístes a ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? sim que saístes a ver?" (Mt. 11: 7, 8a). Ele está dizendo: o que vocês foram procurar? alguém maleável, instável, levado por ventos? alguém que é movido pelas circunstâncias? bem, se foi, não foi a João Batista que vocês foram procurar. Isso é nobre, muito nobre! e eu quero aprender com Jesus. Jesus sai em defesa de João Batista depois de ele vir com uma pergunta aparentemente incrédula. Jesus olha pra todo o contexto da vida de João e conclui: esse tipo de pergunta não provém de um coração incrédulo, porque João não é assim. Eu conheço João. Portanto, se ele está perguntando isso é porque tem seus motivos como querer suscitar a fé de seus próprios discípulos, mas não é incredulidade.
Eu preciso aprender a discernir. A saber estudar o contexto da vida de alguém antes de julgá-la por um ato cometido, uma palavra falada, um gesto mal dado. Eu devo parar e pensar: olhando para esta pessoa, ela geralmente age assim? se não, há um motivo para ela agir assim agora, e eu preciso ajudá-la. O nosso grande problema é que nós nunca nos concentramos naquilo que os outros nos fazem de bom, mas perdemos noites de sono por aquilo que nos fizeram de ruim, mesmo sabendo que, às vezes, uma pessoa age diferente com a gente, mas não é de seu caráter fazer assim; precisamos ser mais honestos. O texto diz que quando os discípulos saíram, Jesus testemunhou a favor de João. Que exemplo! porque muitos de nós, quando somos colocamos em prova por alguém, quando as testemunhas saem, nós detonamos, difamamos e mal-falamos a pessoa em questão.
O filho mais velho de Noé, Sem, quando soube que seu pai estava nu no meio de sua tenda, foi até lá de costas, de cara virada e cobriu seu pai. Seu ato dizia: eu não quero ter acesso a sua vergonha. Sem não chamou seu pai no canto e disse: toma vergonha na cara, você é um pai de família! Não! o próprio Deus deu testemunho por Noé dizendo que ele era um homem íntegro em sua conduta (Gn. 6:9), logo, Sem pensou: se meu pai está agindo assim, eu devo cobrí-lo, porque não é de seu perfil agir dessa forma. Ele deve estar num mau dia. Que exemplo de Sem! eu preciso aprender com Sem. A cobrir a vergonha do outro, a deixar passar, a fingir que não aconteceu nada, em suma, a entendê-lo.
A desonestidade é terrível. Tratamos as pessoas como se nós nunca tivéssemos agido alguma vez como elas. Suscitamos padrões que nem nós mesmos conseguimos manter. Exigimos do outro aquilo que nem nós fazemos. Que sejamos movidos a mudar, pelo exemplo de Cristo e de Sem. A começar po mim.