"Nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim, tão diferente!"
Como essa música me faz pensar sobre algumas questões da vida! eu, que não suporto o "de sempre", não curto o inerte, não abraço o parado e não tolero o passivo, vez ou outra me deixo levar pela monotonia.
Agora...
um Deus monótono?
Soa até como uma blasfêmia, um insulto!
Mas é assim que o magistral G. K. Chesterton O define:
"Pelo fato de as crianças terem uma vitalidade abundante, elas são espiritualmente impetuosas e livres; por isso querem coisas repetidas, inalteradas. Elas sempre dizem: “Vamos de novo”; e o adulto faz de novo até quase morrer de cansaço. Pois os adultos não são fortes o suficiente para exultar na monotonia. Mas talvez Deus seja forte o suficiente para exultar na monotonia. É possível que Deus todas as manhãs diga ao sol: “Vamos de novo”; e todas as noites à lua: “Vamos de novo”. Talvez não seja uma necessidade automática que torna todas as margaridas iguais; pode ser que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas nunca se canse de criá-las. Pode ser que ele tenha um eterno apetite de criança; pois nós pecamos e ficamos velhos, e nosso Pai é mais jovem do que nós."
Que perfeita definição da exultante monotonia de Deus!
Um Deus que sempre nos convida a fazer a mesma coisa, novamente.
Um Deus que olha pra o Sol e diz: "- Vamos de novo?", olha para a lua e diz:
"- Vamos de novo?", olha para o galo, logo pela manhã, e diz: "- Vamos de novo?" ...
"- Vamos de novo?", olha para o galo, logo pela manhã, e diz: "- Vamos de novo?" ...
...
Olha para nós e diz: VAMOS DE NOVO?
É incrível como paramos tão rapidamente, como desistismos tão facilmente!
Desistimos sempre no meio do caminho, porque achamos que o que vem pela frente é sempre maior do que a nossa capacidade de enfrentar o que virá.
"Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou" (Efésios 2.4), nos dá nova chance a cada dia. Se você conseguiu chegar até este novo ano, se ainda não morreu ou não está em estado terminal, é porque Deus te convida a entrar nesta monotonia e, assim, te faz a pergunta: "- vamos de novo?"
Nunca é tarde para tentar novamente; basta aceitar a monotonia dAquele que é Eterno e que nada é tão igual que se não possa mudar, e levantar inconformado, querendo avançar para o diferente, o inusitado, o surreal.
Deus cria as flores de campo e, embora semelhantes, elas não são iguais.
Deus nos dá novos dias a cada dia e, embora semelhantes, eles não são iguais.
Assim, num dia de cada vez, logo no monótono nascer do sol, Ele olha pra nós e faz a monótona pergunta: "E ai, vamos de novo?"
Aceite o convite dAquele que entende o que é viver, pois nunca nasceu e jamais morrerá.
Paz à você,
Cleison Brugger.
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