por Cleison Brugger
Hoje, comemora-se o dia da Reforma Protestante. No dia 31 de outubro de 1517, há exatos 495 anos, Martinho Lutero afixou suas 95 teses nas portas da Catedral de Wittenberg. De lá pra cá, muita coisa mudou, e com isso, a possibilidade da realização de "uma nova reforma" torna-se cada vez menos possível. "Nova reforma", por enquanto, somente a ortográfica.
De início, a igreja outrora chamada de "protestante" já deixou de protestar há muito tempo. Uma parcela dessa igreja resolveu marchar. Marchar para Jesus, para ser mais específico. E passaram a marchar de forma incoerente, insana e sem sentido, de maneira que não honra a Cristo, não edifica a igreja e não restaura os perdidos. A outra parcela da igreja deixou de protestar quando se enclausurou em seus templos e de lá não sai mais; nunca vi protesto dentro de casa! e com isso, perdemos a voz. Estamos com uma roquidão sem precedentes. Hoje muitas de nossas igrejas são bonitas demais, legais demais, bacanas demais, cheias demais, entretidas demais, famosas demais, mas irrelevantes no sentido de ser contra-cultural e biblicamente comprometida.
Muitos de nós defendemos que precisamos de um "novo Lutero", mas devemos considerar as grandes diferenças que há entre nós e o reformador alemão. Embora denunciemos com frequência as falácias, mentiras e heresias dos que dizem ser apóstolos e não são, mas mentem, adoramos o anonimato dos nossos blogs e twitters. Lutero deu as caras. Muitos de nós estamos no afã de defender a verdade mas não por amor a Jesus, mas para ser relevante de alguma forma. Lutero foi impelido, empurrado, motivado e humilhado pelas Escrituras, e enquanto não acontecer o mesmo conosco, não podemos querer qualquer reforma. Lutero se assemelhou aos discípulos que, por amor à verdade, não temeram o martírio (no seu caso, a excomunhão). Foi resoluto naquilo pelo qual o Espírito lhe tinha iluminado, mas alguns de nós estamos nas trevas do intelectualismo barato e queremos causar.
Outrossim, a intenção de Lutero jamais foi de dividir ou fragmentar, mas era, de fato, reformar a igreja, levando-a a considerar as antigas veredas. Lutero, com suas 95 teses, não estava indo como um juiz condenar a igreja, mas como um amigo dizendo a outro: estamos errados! entretanto, conquanto alguns de nós dizem ter a mesma intenção, o uso de uma apologética fria e sem amor prova o contrário. A ciência tem inchado alguns! sabem muito da verdade, mas esquecem que a igreja é santa, una, invisível e universal; é a noiva de Cristo.
O mais importante a considerar já foi considerado, mas de tão importante deve ser ressaltado: a reforma, em primeira instância, começou em Lutero. Martinho Lutero foi humilhado e transformado ao ser confrontado com a doutrina da justificação pela fé somente. Neste impulso dos olhos abertos, quis abrir os olhos dos outros. Certifique-se se o Espírito de Cristo iluminou os olhos do seu coração através das Escrituras; certifique-se de que seus olhos estão inchados e seus joelhos estão sangrando, antes de começar qualquer reforma. Caso contrário, permaneça sentado e passe a vez.
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