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25 de abril de 2012

O Deus do novo coração

"Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito reto" (Salmo 51.10).
O Salmo 51 é a oração confessante de Davi depois de ter cometido o pecado de adultério com Bate-Seba e de homicídio contra Urias, marido de Bate-Seba (cf. 2 Samuel. 12.1-23). Davi, como todo homem, tinha a sua inclinação para fazer o que é mau. Nascemos no pecado ("eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" - vv.5), e é sabido por todos nós que ninguém aprende a pecar. Todos nós nascemos com a natureza pervertida e inclinada para tudo o que é mau, e por isso devemos orar como Davi, a fim de que Deus CRIE em nós um novo coração. Preste atenção no verbo: CRIE. Davi ora a Deus: "cria em mim um coração puro" (vv. 10). O verbo, no hebraico, usado por Davi para "criar" é bara', o mesmo verbo usado em Genêsis 1.1 para dizer que "no princípio criou Deus os céus e a terra". Em outras palavras Davi está dizendo: "assim como a terra e os céus foram criados por Ti do nada, assim crie o Senhor, em mim, um novo coração". A terra era sem forma e vazia, contudo, Deus, em algum momento na eternidade passada, criou! quando nascemos, temos o nosso coração inflamado pelo pecado e pelo desejar daquilo que é ruim. Ninguém vai a Deus porque quer (“ninguém vem a mim [Cristo] se o Pai, que me enviou, não o atrair” - João 6.44), porque a nossa natureza não quer a Deus, mas sim, tudo o que é mau. Mas isso acontece ATÉ que Deus crie um novo coração. Não há nada de bom em nós ATÉ que Deus faça alguma coisa; não existe nenhum vislumbre de santidade em nós ATÉ que Deus venha e nos santifique; o nosso coração está em trevas ATÉ que Deus venha e diga: HAJA LUZ! (e haverá luz!). Quando Davi diz "cria em mim", ele simplesmente está pedindo para que Deus faça existir o que não existe! criar é isso: fazer aquilo que não existe. Não tem luz, mas Deus criou a luz, dizendo HAJA! meu coração está em trevas, mas Deus me deu um novo coração, dizendo: "Vem dos quatro ventos, ó Espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam" (Ez. 37. 1-14).

Perceba que, ao longo do Salmo, Davi clama a Deus: "lave-me" (vv.2-7); "purifica-me" (vv.2b-7); "cria em mim" (vv.10); "renova em mim" (vv.10b). Davi se esvazia de toda suficiência e se coloca na dependência de Deus para que alguma coisa aconteça nele, e é assim que deve ser. Não seremos salvos por que um dia fomos à frente (no apelo na igreja), fizemos uma oração, tomamos a ceia ou vamos com frequência a alguma denominação específica. Seremos salvos, de fato, porque, um dia, Cristo nos lavou, nos purificou, criou em nós um novo coração e nos renovou, renova e continuará a renovar. "Fiel é o que vos chama, o qual também o fará" (2Ts. 3.3). As Escrituras diz: "E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou" (Rm. 8,30). O mesmo Deus que predestina (elegeu antes da fundação do mundo para a salvação), é o mesmo que chama para a salvação, justifica para que seja salvo e glorifica, a fim de que não perca a salvação, mas chegue à glória salvo, santo e justificado.

Já terminando, gostaria de dar uma última olhada no que Davi disse: "renova em mim um espírito reto" (vv.10). Renovar dá a ideia de "limpar o que está novo". ter um "coração novo" não é imunidade contra pecados e erros e, por isso, nossa oração deve ser, todos os dias, "renova-me". Não apenas renova-me, mas, "renova em mim um espírito reto" . Reto quer dizer "estar firme, inabalável, imóvel". Davi quis dizer: "renova-me de tal maneira, dê-me um novo coração tal, que seja quase impossivel o percentual de pecado em mim, visto que estou firme, inabalável e imóvel em Ti". Os que tem muito tempo para Deus, terá pouco tempo para pensar e cometer pecados.


Soli Deo Gloria.

Cleison Brugger.

Salmo 51 na Linguagem de Hoje:

Deus generoso em amor, preciso de tua graça!
Deus imenso em misericórdia, apaga meu passado sujo.
Lava minha culpa e purifica – me dos meus pecados.
Sei que fui muito mau; meus pecados ficam me olhando o tempo todo.
Mas foi a ti que ofendi, e viste tudo:
Sabes a extensão da minha maldade.
Tens todos os fatos diante de ti:
O que decidires a meu respeito será justo.
Andei desgarrado de ti por muito tempo, eu estava no erro já antes de nascer.
O que desejas é a verdade, de dentro pra fora.
Entra em mim, então, e concebe um vida nova e verdadeira.
Purifica – me e sairei limpo; lava – me, como que um esfregão, e terei uma vida branca como a neve.
Põe uma música alegre pra mim, conserta meus ossos quebrados, para que eu possa dançar.
Não fique procurando manchas: Cura – me completamente.
Deus faz um novo começo em mim, dedica uma semana para organizar o caos da minha vida – uma nova gênese.
Não me jogues fora com o lixo, nem deixes de soprar santidade em mim.
Traz – me de volta do exílio cinzento, sopra um vento novo em minhas velas!
Dá – me a chance de ensinar os caminhos aos rebeldes, para que os perdidos consigam achar o caminho de casa.
Anula minha sentença de morte, ó Deus da minha salvação, e cantarei músicas a respeito dos teus caminhos.
Põe palavras nos meus lábios, querido Deus, e me abrirei para os louvores.
Fingimentos te desagradam, uma atuação impecável nada é para ti.
Quando meu orgulho é despedaçado é que adoro a Deus de verdade.
O coração quebrantado disposto a amar,
Não escapa, nem por um minuto, da percepção de Deus.
Transforma Sião num lugar de recreio e repara os muros de Jerusalém.
Então terás de nós adoração verdadeira, atos humildes e grandiosos de adoração.
Até mesmo com todos os touros que conseguirmos sacrificar a ti!

Rei Davi
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19 de abril de 2012

Descansando no poder de Deus

De vez em quando, ouço minha avó cantar um hino do Cantor Cristão que eu sempre achei belíssimo. É o hino 330 HCC, e a letra de seu refrão é a seguinte: "Descansando nos eternos braços do meu Deus, vou seguro, descansando no poder de Deus". Parece simplório, mas o simples citar a frase "descansando no poder de Deus" já me deixa calmo e em paz, e é bom saber que Deus nos convida a descansarmos nEle e em suas promessas.

Descansar no poder de Deus é parar de descansar em nossas próprias forças. "Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável" (Jeremias 17.5-6). O Senhor chama de maldito aquele que confia em si mesmo e na força do seu braço e, assim, aparta o seu coração do Senhor. Quem confia em si mesmo descrê do Senhor. Não há conciliação entre confiar em si mesmo e no Senhor! O Salmista disse: "Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus" (Salmo 20.7). Jeremias continua dizendo que o tal homem será como um arbusto no deserto. Sexta passada eu vi uma reportagem nos desertos de Omã; como a vegetação do deserto é seca, sem vida. Somente o orvalho da noite para lhes refrescar - algum tipo de  graça comum -, mas pelo resto do dia é um sol escaldante sob suas folhas.  Bem, é assim que o Senhor define um homem que confia em si mesmo. Ele não pode esperar por ajuda, nem recursos externos, visto estar cheio de si.

Em contrapartida, Jeremias continua dizendo: "Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto" (Jeremias 17.7-8). Diferente das árvores desérticas, o Senhor diz, através de Jeremias, as mesmas palavras que Davi usou para compor seu salmo 1. Quem confia no Senhor é comparado a uma árvore plantada junto às águas, cujas raízes estão inundadas nas águas e quando vem o calor, não precisa temer. Mesmo vindo a seca, ela continua dando frutos e suas folhas estão verdes. Descansar no poder de Deus é ser uma árvore e deixar com que Deus providencie todo o resto. Ele é a fonte! ele manda a chuva, assim como também manda o calor, providencia a vida e a graça para cada dia.

Aos que estão ansiosos, eu lhes digo: descanse no poder de Deus (I Pe. 5.7). Aos que levam fardos pesados, eu lhes digo: descanse no poder de Deus (Mateus 11.28). Aos que estão encarcerados, eu lhes digo: descanse no poder de Deus (e.g., Atos 16.25). Você que está tentando se salvar, eu lhes digo: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8-9), por isso, descanse no poder de Deus! Amado(a), desista de si mesmo, de suas vontades e de suas forças. Paulo disse: "Quando estou fraco, então sou forte" (2 Corintios 12.10), então, que o Senhor nos enfraqueça, para que possamos sugar vida da videira que é Cristo, e então viver. 

O tão conhecido Salmo 91.1 diz: "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará". Mudando a ordem deste verso sem que ele perca o sentido, temos: "À sombra do Onipotente descansará, aquele que habita no esconderijo do Altíssimo". Se você deseja "descansar à sombra do Onipotente", eis o conselho do salmista: "habite no esconderijo do Altíssimo". E onde ele fica? na oração, na abnegação, na renúncia, na nossa fraqueza, na desistência da nossa capacidade e força. O esconderijo do Altíssimo é onde nem o mundo, nem Satanás consegue nos encontrar. O esconderijo do Altíssimo é o lugar oposto ao do mundo. O mundo está mergulhado em deslealdade, nós porém, na lealdade. O mundo está imerso em corrupção, porém nós, na honestidade. O mundo está em trevas, mas nós estamos em luz. Estamos no esconderijo do Senhor, e lá nós somos mudados radicalmente e somos parecidos com o nosso Deus. Onde termina o nossa "zona de conforto" é onde começa o "esconderijo do Altíssimo". Corra para lá e você verá que o simples citar a frase "descansando no poder de Deus" fará todo o sentido para você.

Até mais,
Cleison Brugger.
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17 de abril de 2012

Sacrifícios e sacerdotes: um estudo devocional de Levítico 6. 8-13

TEXTO: Levítico 6. 8-13

Este texto de Levítico fala, especificamente, sobre a lei do holocausto e como o sacerdote deveria fazer, se vestir ou ordenar o sacrificio sobre o altar. de fato, "toda a escritura é proveitosa" (II Tm. 3.16) e há para nós lições preciosas concernente à vida cristã.

O apóstolo Pedro dirá em sua primeira epístola que somos sacerdócio real (I Pe. 2.9). Isso quer dizer que nós apresentamos sacrificios a Deus. "Rogo-vos, pois, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrificio vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rm. 12.1). Tendo isso em mente, somos convidados a olhar para Levítico 6. 8-13 e tirar lições proveitosas de como deve ser nosso relacionamento com o Senhor:

"Dá ordem a Arão e seus filhos, dizendo: esta é a lei do holocausto: o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite, até pela manhã; e o fogo arderá nele" (Lv. 6.9)

É interessante perceber que enquanto Pedro nos apresenta como sacerdotes, ou aquele que ministra - "vóis sois sacerdócio real" (II Pe. 2.9), Paulo diz que somos o sacrificio e que nós mesmos nos apresentamos - "(...) que apresenteis os vossos corpos como sacrificio vivo, santo e agradável a Deus" (Rm. 12.1). Isso diz de uma responsabilidade dupla: tanto o sacerdote como o sacrificio deveriam ser irrepreensiveis. Era uma ordem: o sacerdote deveria estar com suas vestes de linho fino (representando pureza, santificação), e o holocausto deveria ser sem mancha, ou seja, imaculado. Nós nem somos só sacerdotes que ofertamos sacrificios alheios, como também não somos apenas o sacrificio que será ofertado pela mão de outros. Somos a oferta e o ofertante! eu é quem me disponho para o Senhor como sacrificio. Sou eu quem deve queimar sobre o altar. Regozijemo-nos no Senhor!

Voltando para Levítivo 6.9, percebemos que a ordem dada era para que houvesse algo contínuo sobre o altar. O holocausto deveria queimar sobre o altar "toda a noite, até pela manhã", e o verbo, de igual modo, revela uma ação continua: "arderá". O fogo do altar arderá nele. Parece que estou vendo: noite a dentro, e lá está o sacrificio queimando; chega a manhãzinha, e as últimas fagulhas ainda estão lá. Você já viu uma fogueira quase se apagando? há muitas cinzas, mas se alguém mexer, decerto ainda sairá faiscas.
Há quanto tempo não 'ardemos' em oração no altar do Senhor durante uma noite inteira? muitos de nós oramos tão pouco e tão rápido, que quando terminamos, parece que conseguimos ouvir a voz de Jesus perguntando o que perguntou aos apóstolos, na noite do Getsêmani: "Nem sequer pudeste vigiar uma hora comigo?" (Mt. 26.40). Quantos valorizam mais tantas outras coisas do que seu Senhor. Pensam que travar batalhas na oração é enfadonho e não tão necessário assim. Alguns poderão dizer: se eu orar pela noite, acordarei cansado para o trabalho! Engano seu, pois é pela manhã que as misericórdias se renovam (Lm. 3. 21,22). "Os que confiam no Senhor renovarão as suas forças" (Is. 40.31).

Os versos 10 e 11 dão a seguinte ordem: o sacerdote deveria vestir sua veste de linho fino, levantar a cinza e pôr junto ao altar. Logo após, trocaria suas vestes e levaria as cinzas para fora do arraial. Eis uma pergunta para nós: com que vestes eu tenho ministrado o sacrificio? com quais vestes temos orado, nos encontrado com Deus?
Alguns chegam à presença de Deus com vestes farisaicas, cheias de brilhos e detalhes. Muitos vão orar, só para dizer a Deus o quanto são bons, bacanas, quão empenhados na igreja eles têm sido, e - pasmem! - tem gente que se considera tão santa, que vai contar pra Deus os pecados dos outros. A ordem é: troque suas vestes! "Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Êx. 3.5). Na oração, devemos nos despir do eu, dos bens, de quem somos. O que importa é quem Ele é! devemos ir vestidos de panos de saco, e reconhecer nossa miséria, nossa pobreza, nossas injúrias e, neste fluir, reconhecer a grandeza, o poder, a majestade, a bondade e a santidade do Senhor. A cinza deve ser tirada, levada para fora do arraial, assim como as cinzas devem ser tiradas do coração através das palavras que saem pela boca. É na oração que somos renovados, diariamente. É aos pés de Cristo que deixamos quem somos para recebermos quem Ele é.

O verso 12 diz: "O fogo, pois, arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele a cada manhã". Lembra que, na introdução, eu disse que somos tanto o sacerdote como o sacrificio? então, vejamos: o sacrificio arde no altar de noite, até pela manhã (e o sacrificio somos nós), e quando chega a manhã, o sacerdote acenderá lenha (e o sacerdote também somos nós), a cada manhã (isto é, todos os dias). Se isto tem lições para nós, decerto quer nos ensinar sobre uma real vida com Deus. "Quando acordo, ainda estou contigo" (Sl. 139.16). "Por Ti estou esperando todos os dias" (Sl. 25.5). Oh, que o Senhor faça nascer em nós o mesmo desejo de Davi no Salmo 42: "Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?" (Sl. 42.1-2). De fato, "O Senhor mandará de dia a sua misericórdia, e de noite a sua canção estará comigo: a oração ao Deus da minha vida" (Sl. 42.8). Estar com o Senhor nunca é enfadonho ou intediante! "Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra delícias perpetuamente” (Sl. 16.11). Ninguém oferece mais que o Senhor!

A ordem era para que o sacerdote acendesse lenha a cada manhã, pois só assim "o fogo arderá continuamente sobre o altar, e não se apagará" (Lv. 6.13). O que nos tem impedido de acendermos a lenha diariamente? os afazeres, a correria do dia-a-dia, o trabalho, o sono? não seja como Marta, que atarefada com as coisas, negligenciou a presença de Jesus. Que tenhamos o espírito de Maria, que soube o que era bom naquele momento, que sabia o que importava. Jesus disse: "Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada" (Lc. 10. 38-42). Se alguém quer que uma fogueira continue com o seu fogo, dará lenha a fogueira. De igual modo, que possamos ter, a cada novo dia, fogo ardendo continuamente sobre o altar, o sacrificio ardendo de noite, até pela manhã. "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef. 5.18). Nisto consiste uma vida cristã ardente e vibrante: nossos encontros com o Senhor não são semanais e efêmeros, mas diários, intensos, noite a dentro e logo de manhãzinha. Temos fome do Altíssimo! Amamos o Senhor! Temos o compromisso de acender lenha pela manhã e queimar como sacrificio de noite, até pela manhã. Oh, que o amor e a graça de Deus nos conduza a isto.

Cleison Brugger
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7 de abril de 2012

Justiça e amor num só ato

Enquanto escrevo, na minha cabeceira está o excelente livro de Robert Charles Sproul, "A verdade da cruz", onde ele disserta sobre a importância da cruz de Cristo e sua centralidade na fé cristã. Infelizmente, nossa época perdeu a noção da importância desta data. Por conseguinte, as igrejas perderam a noção do sentido maravilhoso que esta data tem para nós que professamos a fé cristã. Muito mais que um "feriadão", é a mais perfeita lembrança do que Cristo fez em nosso lugar. Leia bem, EM NOSSO LUGAR.

Ao olharmos para a cena do Calvário, muitos acham que aquela foi uma cena linda, tal qual Romeu e Julieta, e colocam tudo aquilo sobre a rúbrica do amor. Também é, na verdade. Contudo, a cena não foi nem um pouco bela, e amor não é a palavra-chave para definir tudo aquilo. De fato, se uma palavra pudesse definir a cruz de Cristo, esta palavra seria "justiça".  Cristo morreu para perdão de nossos pecados. Antes de ser para perdão de nossos pecados, uma coisa é certa: Cristo morreu, e isso foi feito para satisfazer a justiça de Deus. Romanos 5.12 diz: "Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram". Me responda: você tem pecados? já sentiu o peso dele em suas costas, consciência, vida? então, você é culpado por eles.

Por natureza, estamos debaixo da ira de Deus (Ef. 2.3), pois ferimos Sua santidade e transgredimos a aliança que fora feita conosco, no Éden (Gn. 3.3). Tudo o que homem deveria fazer é satisfazer a justiça de Deus, pagando pelos seus erros. Para tanto, este homem deveria ter uma conduta ilibada, imaculada, irrepreensível e santa, coisa que homens pecadores não são, nem podem ser. Então... "Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos" (Gl. 4.4). Satanás e seus anjos pecaram e Deus não providenciou nenhum tipo de redenção para eles. Sua sentença está decretada: INFERNO. Para lá eles irão. O homem pecou e, de igual modo, não havia nenhuma obrigação da parte de Deus de providenciar uma redenção para nós, mas Ele o fez, para que sua justiça fosse satisfeita e para que, por amor, seus eleitos fossem salvos. "Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos" (Rm. 5. 18, 19).

"Cristo morreu". Justiça. A santidade de Deus estava ferida. O homem pecou e quebrou a aliança, e se Deus perdoasse isso, Deus seria injusto, pois sua justiça é clara ao afirmar que o inocente é inocentado e o culpado é tido como tal. Assim, "Cristo morreu EM NOSSO LUGAR". Isso é amor. Ele veio, voluntariamente. Deixou o esplendor de sua glória. Deus Filho abandonou o trono e humilhou-se como servo, tornando-se semelhante aos homens (Fp. 2. 5-11). Sobre si levou a culpa que era nossa, e morreu, terrivel, amarga, humilde, pavorosa, arrepiante e dolorosamente numa cruz, por mim e você. Assim, Ele recebe sobre si nossas culpas (o inocente morre por culpados), e nós, recebemos dele, sua justiça e perdão (os culpados são inocentados e aceitos de volta à mesa de Deus). Isso é páscoa. O espírito de morte "passa por cima" dos marcados com o sangue do cordeiro, pois somos salvos pela graça, mediante a fé no sacrificio de Cristo (Ef. 2.5).

Nas palavras do pastor Fabricio Cunha, "espera-se de um Deus que ele vença a morte. Mas um Deus que morre é um escândalo". De fato, visto que um dos pressupostos de Deus é a imortalidade. Contudo, como este Cristo era igualmente Deus como o Pai e o Espírito, a morte não o segurou num sepulcro. Ao terceiro dia, Ele ressuscitou, dando-nos a esperança da vida eterna ao seu lado e consumando, de fato e de verdade, a nossa redenção. O melhor de tudo isto é que esta história não é fictícia, inverossímil, irreal. Ela é real! A cruz de Cristo é o centro, o ápice da história humana. Tudo isso, por justiça e amor. Isso é páscoa.

Até mais,
Cleison Brügger.
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5 de abril de 2012

Eu, um cordeiro. Meu Senhor, um pastor.

Lucas 10.3: "Ide; eis que vos mando como cordeiros em meio de lobos"

Na comissão dos 70, Cristo dá uma palavra aos apóstolos que, da perspectiva humana, pode parecer desanimadora e frustrante: "eis que vos envio como cordeiros em meio de lobos". Isso é acentuado ainda mais, visto que, antes disso, há um imperativo: "Ide" (Lc. 10.3a). Com isso, a ideia que é passada é que eles deveriam ir, mesmo sabendo das circunstâncias. Na verdade, Cristo nunca foi um plantador de utopias, pelo contrário, sempre foi aquele que mostrava - e mudava - a realidade.

Contudo, por mais que fosse a revelação da realidade que os apóstolos teriam, a afirmação continua sendo, aparentemente, desanimadora. Não seria melhor ouvir "eis que vos envio como um leão em meio aos cervos" ou "como um cão em meio aos pintinhos"? pelo contrário, Cristo os designa como "animais mais fracos". O mundo é forte. Ele é devorador, tal qual um lobo voraz. Enfrentá-lo não é fácil.

De igual modo, Jesus orienta a que eles nada levassem (10.4) e que dependessem da bondade daqueles que o Pai enviaria para ajudá-los (10. 5-7). Isso me faz lembrar o famoso Salmo 23: "O Senhor é o meu pastor e nada me faltará". A primeira sentença é uma fiel constatação: "O Senhor é o meu pastor", mas a causa da primeira sentença é aliviadora: "nada me faltará". Então, vejamos: eu sou um cordeiro, estou no meio de lobos que podem me devorar, Cristo é um bom pastor que "segundo as suas riquezas, suprirá todas as nossas necessidades em glória, por Cristo Jesus." (Filipenses 4.19).

Jesus assevera que aqueles que nos derem ouvidos, a Ele estarão ouvindo, e quem nos rejeitar, estarão rejeitando a Ele também, e quem O rejeita, rejeita também ao Pai, que o enviou (10.16). Não é maravilhoso saber que estamos tão ligados a Cristo que aqueles que a nós fazem bem ou mal, a Ele é que estão fazendo também? Isso acontecerá na conversão de Saulo. Ele, encontrando com Jesus no caminho, é questionado: "Saulo, Saulo, porque me persegues?". No que Saulo diz: "quem és, Senhor?" e Jesus afirma: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (At 9.3-6). Na verdade, Saulo perseguia a igreja, os irmãos, os da seita "do caminho". Entretanto, Jesus afirma que a causa de seus filhos também é a dele. Ele defende os seus. Não nos deixa sozinhos. "Ai daquele que escandalizar um desses pequeninos que em mim crêem" (Mt. 18.6). Somos ramos ligados à videira (Jo. 15.4). Estamos numa mesma sintonia. Sugamos vida do caule que é Cristo. Dependemos dele para viver, pois toda a vara que nele não dá frutos, é cortada e lançada fora (Jo. 15.6).

De fato, não apenas a companhia ininterrupta do Senhor nos é dada (Mt. 28.20), como também, nos é outorgado o seu poder e nos é concedido a autoridade de seu nome. Perceba que nada é nosso. Somos convidados a nada levar, a casa que repousaremos não é nossa. Todavia, é possivel que nos gloriemos, mesmo usando algo que não nos pertence. Assim, Cristo diz: "Alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus" (10.20). Vemos nesta afirmação pelo menos duas assertivas: 1) ter o nome escrito nos céus é um motivo e tanto para se alegrar; 2) por mais que, aparentemente, o exercício dos dons pareça ser fascinante a vista dos outros, é bom lembrarmos que o mundo continua sendo um péssimo lugar para firmar residência. Ele ainda continua sendo um lobo voraz. Por esta razão, devemos andar aqui, com a cabeça acolá. Trabalhando aqui para entesourar coisas no céu. Vivendo aqui, com saudades do lar eterno.

Até mais,
Cleison Brügger.
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