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24 de março de 2012

Porque só na morte?

Tudo começou na morte da cantora americana Witney Houston. Lembro que logo que vi a notícia, veio a minha mente, de imediato, a canção "Jesus love me" a qual ela interpretou magistralmente e, então, postei um vídeo no facebook. Mas não foi "para a nossa alegria", como estamos cantando atualmente rs. Na verdade, foi para mostrar que perdemos, de fato, um dos maiores contraltos de nosso tempo. No que um amigo, inconformado, em meio a tantas palavras, defendia uma tese: "porque só lembramos dela na sua morte? e porque não lembramos das crianças (e adultos) que morrem todos os dias, à margem da sociedade e a mercê do poder público?" Isso me levou a pensar e a avaliar a mim mesmo. Ontem (23), perdemos um dos maiores humoristas do Brasil, cujo qual os humoristas atuais bebem de sua fonte, o tão aclamado Chico Anyzio. Mas não vou me pronunciar, nem colocar luto em algum status. Não postarei vídeos. Não farei isso para não ser falso ou hipócrita. Não lembrei dele enquanto ele estava no hospital, sabendo que podia fazer uma oração em favor dele, visto que, mesmo famoso, ele prestará contas diante de Deus um dia desses, porque lembraria agora, depois de morto? agora, lembranças não valem de nada.

Recentemente, perdemos um gigante. Assassinado pelo filho adotivo, voltou para casa o Bispo Dom Robinson Cavalcanti, um defensor da vida. Lembro que dias antes de sua partida, assisti uma palestra sua, via youtube,  em que, falando sobre Missão Integral baseado no salmo 133, ele dizia: "Há uma diferença entre existência e vida. Todos os seres são existentes: animais irracionais, vegetais, minerais, mas Jesus disse 'Eu sou a vida', e só estão vivos os que estão conectados a esta vida, e os demais não estão vivos, são apenas existentes (...) a ação na história tem uma repercussão na pós-história, a eternidade, na medida que nós adquirimos uma vida qualitativamente diferente. Nem sempre quantitativamente. A vida de Jesus durou 30 anos; o seu ministério foi muito curto, 3 anos. Nós não medimos a vida pela sua duração, mas pela sua doação. Não é a quantidade, é a qualidade. O problema é que nós temos tido, cada vez mais, a chamada vida chuchu, que não fede, nem cheira. Alguns passam a vida inteira e não fez nem bem, nem mal e no final não fez nada. A sua vida foi uma rotina absoluta. É tão ausente de qualquer coisa, que vivo ou morto, não faz diferença." Isso me levou a pensar: como tem sido minha vida? quer ausente pelas circunstâncias do cotidiano, quer ausente pela morte, os que me norteiam sentirão minha falta? a minha vida tem algum tipo de impacto positivo na vida de outros ou eu sou como uma pedra no caminho que, estando ali ou não, não fará diferença?

Na verdade, não quero ser lembrado apenas na morte. Na morte, todos são lembrados de alguma forma, até bandidos e meliantes. No velório, até mau-caráter se torna gente de bem (afinal, é feio falar mais dos outros na sua morte). Quero ser lembrado na vida, pelo que fui (no passado), pelo que tenho sido (no presente, na vida) até o dia de ser lembrado pelo que fui, novamente (na morte). Não quero apenas viver, mas escrever e fazer história, e isso não é presunção. Deus não chamou ninguém para simplesmente existir, mas para que, através da vida, proclame o quão belo, majestoso, perfeito, santo, relevante, necessário, reto e bom é o Senhor, nosso Deus. E como faremos isso? nos doando. Amando e fazendo o bem, sem olhar a quem. É nesse espectro que o mundo vê o Criador em nós. Veja este texto das Escrituras: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5.16). Perceba os verbos do verso: resplandeça, vejam e glorifiquem. É em resplandecendo a glória de Deus (II Coríntios 3.18),  - e resplandecer esta glória não é frequentar cultos pentecostais, mas sim, agir de forma a se assemelhar com Cristo -, que o mundo nos olha e (pasmem!), glorifica ao Pai. Quando resplandecemos a glória de Cristo, fazemos com que os homens retornem ao propósito pelo qual foram criados: a exaltação da glória de Deus. É a nossa vida sendo usada por Deus para a missão integral, que envolve o homem todo e todo o homem (entenda melhor isso lendo o Pacto de Lausanne). É uma vida qualitativa, sem necessariamente ser quantitativa. Quer um exemplo disto? veja este vídeo:

"(...) somos chamados a plantar uma qualidade de vida, simplesmente colocando a nossa vida no altar, marcada pelo compromisso e pela doação", foi o que afirmou Dom Robinson Cavalcanti, e somente uma vida marcada pela doação ao próximo merecerá ser lembrada, mas enquanto vivermos uma vida "chuchu", que não tem cheiro, não tem gosto, não tem cor, não tem graça, seremos apenas seres existentes, caminhando sobre a terra sem propósito, e não foi com este propósito que o Criador nos formou. É certo que não devemos lutar para sermos relevantes. Relevância é o de menos. Devemos lutar para sermos parecidos com Cristo. Este sim é (deve ser!) o nosso propósito!

Assim, termino com as palavras de Robinson e, depois delas, farei as últimas considerações: "Por fim, somos chamados à santidade (...) Há dois tipos de santidade: a santidade passiva e a santidade ativa. O conceito de santidade passiva, é o conceito de deixar de fazer coisas erradas. É uma santidade deixante, onde alguém deixa de fazer algo ruim. A santidade ativa é o fazer o correto, é ocupar a vida não deixando de fazer o errado, mas ocupá-la fazendo o correto. Aliás, se você ocupar a vida fazendo o correto, não terá tempo para fazer o errado." Não sei como você fica, mas eu fico completamente consternado quando um cristão morre.  Ano passado, a Inglaterra perdeu dois grandes ícones: a cantora Amy Winehouse e o teólogo anglicano, Rev. John R.W. Stott. Amy será lembrada pela sua embriaguez, loucuras, vícios e problemas. Stott será lembrado pela sua sobriedade, biblicidade, honestidade, humildade, doçura e amor. Winehouse morreu tragicamente aos 27 anos; Stott partiu para a glória no auge dos seus 90 anos. E quer saber? Stott morreu e meu coração pesou, pois parece que o mundo encolheu. Gente de Deus quando morre, faz com que o mundo sinta que não é digno de tê-los. Gente santa quando vive, santifica o mundo, o seu contexto, os que os norteiam. Estes sim, são lembrados, aclamados, honrados, lamentados. Contudo, o mundo é tão mau, que quando gente mau morre, a diferença é inexpressiva. Simplesmente não existe! estes, mesmo tendo dons fantásticos, a morte faz questão de levar ao esquecimento. E você, como será lembrado? Sentirão sua falta? se sim for a resposta, asseguresse que esta falta seja sentida aqui, na vida e lá, na morte.

Paz,
Cleison Brügger.

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