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8 de agosto de 2012

O Senhor Jesus te ama


Um dia desses fui ao bairro de Santa Cruz, na cidade do Rio, também conhecido como "bairro imperial". É bem legal ver que existem várias ruas com nomes dos grandes personagens da família real, como Dom João VI, Pedro I e Princesa Isabel. Para cunho meramente informativo, o bairro de Santa Cruz - assim como a cidade de Petrópolis - serviu de residência à família real quando estava no Brasil. E, aproveitando o ensejo, aqui vai uma observação: seria interessante a prefeitura do Rio resgatar um pouco da história - que é bela e rica -  restaurando os antigos prédios do bairro que possuem os traços da arquitetura do século retrasado. Fui até lá porque iria fazer uma prova e, caminhando pela rua, avistei uma senhora - posso chamá-la de irmã - segurando alguns folhetos evangelísticos. Diferente do normal, ela não estava distribuindo mas segurando, esperando até que alguém pegasse um. Eu percebi aquilo enquanto andava em sua direção e, como sou legal (risos), passei por ela e peguei um folheto. E então ela disse: "o Senhor Jesus te ama".

E então aquela frase ficou. Ela colocou tudo tão certo numa frase só. Porque ela não disse "Deus te abençoe" ou "Jesus te ama" como todo mundo diz... agora, pego a condução para casa com uma frase martelando na cabeça. Bem, isso não é ruim. Acredite, não é! na verdade, frequentemente devemos ser lembrados do amor de Cristo. Muitos de nós não temos a dimensão completa do quanto Cristo nos amou. Precisamos orar como Paulo, a fim de que compreendamos "qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento" para que sejamos "tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:18,19). Diariamente, precisamos ter a cruz e todo o seu sofrimento diante de nós. Uma das minhas birras com minha denominação é a total desvalorização da cruz. Nem em nossas fachadas, nem em nossos púlpitos a encontramos. Isso é sinal de que ela não é centro de nossa mensagem, conquanto fosse o centro da mensagem de Paulo (ICo 2:2). A cruz nos ajuda a ver o horror do pecado, como Cristo se fez maldição por nós, quão grande é o amor de Deus, quão perfectivo e salvífico é o sacrifício feito na cruz e como devemos viver uma vida santa, a partir do calvário. E essa deve ser uma imagem diária diante de nossos olhos, e um pensamento constante na nossa mente e no nosso coração.

A frase que aquela senhora me disse tem um sentido profundo: "O Senhor Jesus me ama". Ele exerce sobre mim sua graça e sua misericórdia, oferecendo a mim, volitivamente, o que não mereço e não dando a mim o que mereço, de fato e de verdade.  Uns dias atrás, eu lia Deuteronômio 21. Aprendi com Spurgeon que assim como em cada cidade da Inglaterra há uma estrada para Londres, em cada texto das Escrituras há uma estrada para Cristo. Então, eu lia procurando Cristo e, na verdade, não foi muito difícil encontrá-lo; Cristo estava explícito ali. Ficou ainda mais claro para mim quando uma amiga pediu para que eu explicasse para ela o mesmo texto que eu estava lendo. Cristocidência, acredito. Expus para ela Deuteronômio 21:18-21, que vai tratar acerca dos filhos desobedientes. A lei dizia que se alguém tivesse um filho rebelde e contumaz, que não obedecia à voz de seus pais, e mesmo se eles o castigassem, o filho não desse ouvidos, eles poderiam pegar o filho, levar aos anciãos da cidade, expor para os anciãos a situação de sua rebeldia e, então, os homens da cidade apedrejariam o filho impenitente, até que morresse. Me identifiquei com este filho; me encontrei no texto. Eu era - e sou! - aquele filho rebelde, desobediente a qualquer tipo de correção, que não aceita a disciplina de Deus e, vez após vez, estou me rebelando contra sua santidade. Mas vejo que embora eu seja esse filho impenitente, é outro quem recebe o castigo em meu lugar e, na verdade, o que recebeu o castigo era - e é - o completo oposto de quem eu sou. Ele honrou a seu Pai sendo obediente até o fim, cumpriu toda a lei e, mesmo assim, provou do castigo. "-Ei, este lugar nessa cruz horrivel é meu!", diria eu. "Não, filho, eu morri em seu lugar. Eu paguei o preço por você! você jamais poderia pagar o preço que paguei, e paguei este preço porque te amo", é o que diz Jesus. Somos constrangidos por este amor (IICo 5:14), de maneira tal que, agora, obedecer-lhe não é uma troca, ou uma forma de pagar o que ele fez (algo impossivel, ainda que você fizesse isso por duas eternidades!) ou um cumprimento do ditado "um lava a mão do outro". Nós obedecemos a Cristo pois somos constrangidos pelo seu amor. Este amor nos impele. Este amor pende o nosso coração para amar a Deus acima de todas as coisas. Este amor nos leva a amar. "O amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou." (2Coríntios 5.14-15). Você entende isso?

Mas a realidade é que muitos querem um Jesus Salvador e nenhum Jesus Senhor. Querem ir para o céu, mas não querem abrir mão da direção de suas vidas. Embora afirmem nas canções na igreja que Jesus é Rei e Senhor, que ele seja lá, bem longe de mim! Mas a mulher - aliás, a irmã - que encontrei na rua foi bem clara  e concisa: "O SENHOR Jesus me ama". Pedro, em seu primeiro sermão, disse: "saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" (At 2:36). Ele é Senhor, pois o próprio Deus o constituiu assim! Ele é o Senhor de fato e por direito! Isso faz me lembrar dois textos das Escrituras. O primeiro deles é a fala de Jesus após sua ressurreição: "E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mt 28:18). Não uma parte, não um terço, nem seu senhorio é dividido. Tudo é dele! Abraham Kuyper acertou em cheio quando disse que "não há um centímetro deste universo acerca do qual Jesus Cristo não diga: 'É meu'". definitivamente, tudo é dEle e a direção, o senhorio, o comando e a soberania de nossa vida não é diferente. O segundo texto é um dos meu favoritos nas Escrituras: "Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2:9-11). Ele é o Senhor! e quando eu sei que ele me amou e que ele é o Senhor, volto a um texto veterotestamentário para tentar explicar o que está na minha cabeça: "[...] se diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes, amando ao SENHOR vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes" (Dt 11:22). "Se diligentemente guardardes os mandamentos... amando". O verbo amar está no gerúndio, indicando algo que está acontecendo. Eu vou amando, e então eu guardo. E neste fluir, chego ao outro verso no gerúndio: "andando em todos os seus caminhos [...]". Colocando em ordem, o fato de andar em seus caminhos e de me achegar em sua presença, não é porque eu cumpro a lei ou coisa e tal, mas porque eu o amo. Porque eu amo, lhe obedeço. Porque um dia fui constrangido, e conquistado, e atraído, e arrebatado, posso dizer como Sulamita disse a seu marido: "eu sou do meu amado e o meu amado é meu!" (Ct 6:3). Oh, como quando amamos o  Senhor, obedecer-lhe e seguir-lhe se torna uma alegria incomparável! que o amor e a graça de Deus nos conduza a isto. 

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