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17 de outubro de 2013

Quando tudo o que me resta é Deus

Por Cleison Brügger

"Filho do homem, eis que eu tirarei de ti a delícia dos teus olhos, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas" (Ezequiel 24:16)

Esse é o custo de ser um profeta. A ordem de Deus para Ezequiel é desoladora, haja vista o próprio Deus lembrá-lo sobre quem ele é: "filho do homem". Em textos como este podemos ver quão longe Deus por ir. E por amor. Com isso, Deus estará disciplinando o seu povo. Mas usará Ezequiel como exemplo. Ezequiel irá ministrar pela manhã. Sua esposa morrerá. Ele já está avisado do que vai acontecer. E então ele revela o seu verdadeiro tesouro.

Muitos querem ser usados por Deus. Mas a pergunta que se faz é: como? com muitos dons, talentos, com muito poder, persuasão e ousadia, ou como exemplo? pois se olharmos para as Escrituras, veremos que aqueles a quem Deus usou como exemplo passaram por diversas privações, a exemplo de Jó, Paulo e Ezequiel nessa história. Entretanto, os que são usados por Deus com dons sobrenaturais correm o risco de se perderem no caminho, enveredarem-se pelo orgulho e chegar diante de Deus para juízo e condenação (Mt. 7:23). Mas os que foram usados por Deus como exemplo através do sofrimento são os que mais conhecem o seu Deus pois mantinham firme a consciência de que "o poder pertence a Deus" (Sl. 62:11).

Deus diz a Ezequiel: "Eu tirarei de ti a delícia dos teus olhos". Perceba: Ezequiel não havia pecado. O contexto nada relata sobre a esposa de Ezequiel ter feito qualquer mal. Mas nem sempre Deus nos tira coisas por havermos pecado. Ele poder fazer isso graciosamente. Deus é bom em tudo quanto faz. Deus diz a Ezequiel que Ele tiraria. A mulher de Ezequiel morreria e o profeta agora deveria conviver com alguém que tirou uma preciosidade dele. Mas o Deus que tira é o Deus que repõe. E Deus só tira para nos dar algo maior. E não há nada maior que Ele mesmo. Ele diz: "eu posso tirar de você todos os presentes que te dei e, ainda assim, serei infinitamente mais valioso que qualquer um deles".

Não é fácil não lamentar, não chorar, não derramar lágrimas. E Deus manda um "engole o choro" para o profeta que é difícil de conter. E toda essa história é para dizer a Israel que Deus profanaria seu santuário, o mais alto orgulho da nação (Ez. 24:21). Imagine: Ezequiel havia perdido sua esposa e, como um sacerdote, perderia o lugar onde ele deveria ministrar. Perdeu família e ministério. Há algo mais precioso que isso? há.

Se pudéssemos colocar em ordem de importância aquilo que a Bíblia diz que deve ser importante, teríamos: Deus - família - ministério. Nessa ordem. Um não toma o lugar do outro. É um triângulo perpétuo. Primeiro Deus, segundo família e em terceiro o ministério. Deus ordenou que precisamos cuidar de nossa casa antes de cuidarmos da igreja, mas acima de tudo, Deus ordenou que nós o amássemos acima de todas as coisas. Ezequiel foi perdendo gradativamente sua família e seu ministério. E por que não perdeu Deus? porque Deus não se perde.

Deus é quando tudo o mais deixa de ser. Deus tem quando tudo o mais está em falta. E por isso Ele diz: "O que ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; o que ama seu filho ou sua filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. O que não toma a sua cruz e segue após Mim não é digno de Mim" (Mt. 10: 37, 38). Cristo não está dizendo que não devemos amar estas pessoas. Isso contrariaria todas as ordenanças bíblicas. O que Cristo está ensinando é o que encabeça o Decálogo: ame a Deus acima de todas as coisas.

Se valorizarmos e entesourarmos acima de tudo algo que a morte, a instabilidade, o pecado, a fraqueza humana pode nos tirar seremos frustrados. Mas se entesourarmos Aquele que venceu a morte e o pecado, que embora fraco fisicamente ressuscitou glorioso e nos deu a promessa de estabilidade eterna, seremos os mais felizes. E por mais que tudo o mais nos seja tirado, coisas que as Escrituras dão a devida importância e apresentam como legítimos como família e ministério, não seremos abalados se entesourarmos a Cristo acima de todas as coisas. No final, é de Cristo que precisamos.

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